segunda-feira, 2 de novembro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

HISTORIAL DO NÚCLEO DE ARTE


HISTORIAL DO NÚCLEO DE ARTE


Alguns dados sobre o Núcleo de Arte (NA).

Julga-se que o Núcleo de Arte terá sido fundado em 1921.
Associação que procurava agrupar diversos tipos de arte e praticar o seu ensino, durante muitos anos ela foi um clube para os poucos que tinham um vago interesse artístico. O Pintor impressionista Português Frederico Ayres, tem nesta fase um papel preponderante no NA.
Após a Segunda Guerra Mundial e as eleições em que a Oposição Portuguesa apoiava o general Norton de Matos, tentando derrubar o fascismo de Salazar, o Núcleo de Arte tem uma Direcção de antifascistas, procurando combater o regime pela cultura e desenvolvendo um largo apoio à campanha eleitoral de Norton de Matos.
Terminadas as eleições, em que Norton de Matos desistiu por não haver as mínimas condições de transparência, o regime local retirou a Direcção do Núcleo de Arte, tendo deportado de Moçambique os seus membros, como foram os casos da médica Dra Julieta Gândara e do Eg° Beirão, entre outros.
Nos anos 50, um movimento ligado às novas tendências artísticas nas suas várias abordagens - do abstracto ao neo-realismo – começa a registar-se no Núcleo de Arte, principalmente nas Artes Plásticas, onde António Bronze, Bertina Lopes, Eugénio Lemos, Ângelo de Sousa, e Jõao Ayres se afirmam.
Com a saída para o estrangeiro da maioria, o Núcleo atravessa um período morno sob uma Direcção chefiada por Willy Waddington de visão artística conservadora e, por isto, não constítuindo problema para o sistema.
No final dos anos 50, um grupo de jovens Artistas Plásticos na sua maioria, é eleito para a Direcção. Destacam-se Sérgio Guerra, Carlos Neffe, João Vieira e o pianista Jorge Martins Nunes.
Algumas iniciativas então existentes no NA, como o ensino de ballet são abandonadas, mantendo-se o atellier de Pintura, sob orientação de João Aires em que trabalham Zé Júlio e Malangatana e as aulas de piano sob orientação de Martins Nunes, dando-se início às actividades de Cerâmica com Maria Luísa.
Pela incapacidade de continuar a pagar as rendas ao proprietário Almeida Santos (actual Presidente da Assembleia da República de Portugal) devido a dificuldades financeiras, a Associação viu-se obrigada a abandonar as instalações onde se encontrava indo instalar-se numa flat dupla do chamado prédio do Montépio.
Alí novos corpos gerentes são eleitos - Daniel de Sousa, Zé Júlio, Sérgio Guerra, António Heleno, Maria Alice, Martins Nunes, Bibila, Júlio Navarro, entre outros - e procurava-se acentuar a característica já existente do NA: essencialmente virado para as Artes Plásticas e fazê-las funcionar mais criteriosamente .
As permanentes dificuldades financeiras provocaram o interrompimento das aulas de Pintura dirigidas por João Aires.
Nesse período, Lobo Fernandes cria um atellier de Escultura que foram frequentados por Maria da Luz e Shikani tornando-se hábito a participação de vários artistas plásticos trabalhando nas instalações.
A Política aceite em 1959 - com a entrada de Malangatana para o curso de Pintura pela primeira vez como negro e atendendo à sua condição, sem lhe fazer pagar nada – prosseguiu com as posteriores Direcções. A primeira individual deste artista e o seu aparecimento na Informação impulsionou a aderência de muitos jovens negros ao NA na tentativa de serem artistas plásticos.
Também no sentido da dignificação das Artes Plasticas, o NA deixa de aceitar organizar qualquer exposição como vinha fazendo, criando 3 abordagens : 1- ser uma exposição do NA; 2- ser uma exposição não do NA mas patrocinada por ele; 3- não aceitar qualquer ligação.
Este critério facilitou também a possibilidade de continuar a receber um pequeno subsídio do Governo como Instituição de utilidade pública, em que as iniciativas do NA não deveriam perigar o subsídio, mas justificada por alegada falta de qualidade de trabalhos na altura.
Pela mesma altura cria-se no jornal “Notícias” a crítica do NA, em que Pancho Miranda Guedes, Augusto Cabral e João Vasconcelos comentavam as exposições que surgiam em Maputo, e começam-se a organizar palestras sobre Artes Plásticas em várias Associações locais.
Estas iniciativas são mantidas nas posteriores Direcções que até 1962 foram praticamente sempre constítuidas pelas mesmas pessoas sob Presidência primeiro de Filipe Ferreira e, depois, de Augusto Cabral.
Por esse ano, o NA consegue ir ocupar as suas actuais instalações que, evidentemente, lhe permitem outras actividades.
Este novo local, aliado à entrada para a Direcção de António Ferreira, Jorge Mealha, Zeca Mealha, entre outros, fazem com que o Núcleo, já totalmente virado para as Artes Plásticas, tenha atravessado um período extremamente rico com ateliers de Pintura e Desenho, Gravura, Cerâmica, Esmaltagem, Escultura, tendo-se criado meios necessários, desde a roda de oleiro aos fornos e ao prelo.
É nesta fase de actividades que surge a primeira exposição de Alberto Chissano, então servente no NA.
Mais tarde, sob a mesma Direcção, ou com a actividade permanente dos membros atrás citados, foi eleito para Presidente da Direcção o actor e encenador teatral Barradas e para Vice, o jornalista Augusto de Carvalho, e a partir daí as suas actividades foram crescendo dando origem ao surgimento de vários novos artistas plásticos.
Após a Independência e com o desaparecimento das Associações anteriormente existentes, houve a tentativa impulsionada por Eugénio Lemos e Malangatana de transformar o Núcleo de Arte na Organização dos Artistas Plásticos mas que, apesar do esforço desenvolvido, não teve sucesso.
Durante alguns anos, o NA arrastou-se praticamente só com Victor Sousa e Noel Langa, e depois só com o último.
Durante vários anos foram realizadas várias reuniões no sentido de alterar a situação com pessoas ligadas à área, como José Forjaz, José Freire, Malangatana, Ubisse, Victor Sousa, Samate, Noel Langa, Júlio Navarro, Naguib, Ídasse, Fernando Rosa, entre outros, sem resultados visíveis.
Até aos anos 90, as Direcções foram se sucedendo mas sem a abertura do Núcleo de Arte e nesse período encontrava-se em frente do NA o escultor José Dias Mahlate que sempre lutou no sentido de restituir a vida ao NA. Nesta luta juntou-se também o jovem escultor Muando.
Em 26 de Novembro 1993, surgiu uma nova geração de Artistas da década 80, alguns dos quais saídos da Escola Nacional de Artes Visuais. Valdemiro Mantonse (Miro) e Afonso Joaquim Macuacua (Kheto) seguidos de Hilàrio J. Nhatugueja, Henrique Calisto e Virgílio decidem reabrir as portas do NA, motivados pela necessidade de um espaço onde pudessem realizar as suas actividades artísticas.
Os trabalhos de restauração foram realizados pelos citados. Mais tarde aderiram ao movimento os artistas Tomo, Gumatsy, Muando e Dias Mahlate (estes dois últimos readerem após uma desistência).
Foi nomeada uma nova direcção onde estiveram presentes os artistas Dias Mahlate, Muando, Miro, Kheto, Nhatugueja, Henrique, Tomo, Virgílio, entre outros. Assim seguiram-se os trabalhos de pintura e montagem de uma exposição.
No dia 31 de Dezembro de 1996 procedeu-se a escrituração dos novos estatutos passando o NA a ter uma existência oficialmente reconhecida ficando a Direcção a cargo de Muando (Domingos Ernesto), Afonso J. Macuacua (Kheto), Micas Pedro Nungo (Micas Nungo), António J. Macuacua (Phiri), Henrique V. Calisto (Calisto), António M. Tembe (Ídasse), Bento Carlos Mukhesswane (Bento), Samuel Alfredo Zandamela (Zamdamela), Hilário J. Nhatugueja (Nhatugueja) e Fernando Rosa Mudanisse (Rosa).
Após este período foram organizadas mais exposições, workshops, actividades ligadas à área e agrupamento de artistas plásticos diversos.
Desde 1997 até ao momento o NA prossegue com estas e outras iniciativas, agora sob a Direcção de Fernando Rosa, Henrique Calisto, Bernardo Tomo, Hilário Nhatugueja e Augusto Magaia.